Nery Porto Fabres
História do Rio Grande
Ao fim do século 19, quando as marés subiam rapidamente com o vento leste, a vistosa Lagoa dos Patos represava as suas águas, este capricho da natureza fazia com que o movimento das embarcações aumentasse por toda a extensão do Canal São Gonçalo, Lagoa Mirim, Arroio Pelotas, Arroio Fragata, Santa Bárbara e pelos rios Camaquã, Jaguarão e Piratini.
O charque pedia passagem para chegar rapidamente ao porto de Rio Grande, o fluxo de fragatas, pelotas, naus e navios motorizados transportavam toneladas de carne seca e salgada.
Saíam da cidade de Pelotas, Camaquã, Herval e de todas as estâncias lindeiras às estradas de águas sulistas que alcançassem o porto marítimo do chão rio-grandino.
Nos porões ainda havia pasto seco em fardos, arroz, trigo, milho, tecidos, vinhos, perfumes, madeira....o porto de Rio Grande era a porta de entrada e saída da produção da região sul do Rio Grande do Sul.
Cavalos esguios, pernas compridas, pescoços longos, crinas penteadas e enfeitadas com laços de algodão, ou fibras de gravatás extraídos dos banhados das margens do Canal São Gonçalo, puxavam caleças, charretes e diligências vistosas que se revezavam nas estradas que circundavam a lagoa.
Homens a trabalho montados em cavalos cuidados em estâncias de gado de corte e plantações de arroz, faziam o entra e sai dos armazéns, acompanhando os veículos de tração animal.... próximas ao porto, junto das charretes carregadas de produção das terras ricas em alimentos, filas formavam-se no andar da carga e descarga de uma variedade impressionante de produtos agrícolas.
Na outra margem da lagoa se via os bois arando as terras costeiras à grande e majestosa Lagoa dos Patos. A burguesia festejava a fartura colhida nas propriedades que iam costeando a grande laguna.
A noroeste desta impressionante lagoa natural, de parte com águas salgadas do mar e outra doce dos rios, está o lago Guaíba, que traz as águas do delta do Rio Jacuí, carregadas pelos rios Gravataí, Caí, Jacuí e rio dos Sinos.
Embaixo, bem para o sul, está a segunda maior lagoa do Brasil, a Lagoa Mirim, a qual faz os movimentos das águas de acordo com a vazão. Às vezes com movimentos inversos, dependendo das estações do ano.
Nas cheias recebe da laguna águas salgadas que passam pelo Canal São Gonçalo.... ou, quando o vento muda de direção, traz as águas do Rio Piratini e do Jaguarão para derramarem por um estreito braço de água do São Gonçalo que alcança Pelotas e banha a praia do Laranjal.
Esse caminho das águas permite passagem fluvial até o Uruguai. Já, na Lagoa dos Patos, entre Rio Grande e Porto Alegre, o calado pode chegar a seis metros.
Os europeus souberam deste imenso depósito de águas e, viam aqui, uma fonte inesgotável para irrigação das terras com sementes de alimentos, gerando o desenvolvimento socioeconômico do extremo sul do Brasil.
A pesca artesanal de camarão e tainha, somada às criações bovinas, equinas e suínas fortaleciam o comércio regional. ....(continua)
Trecho da obra: A História do Rio Grande Sob um Olhar Descontraído - autor: Nery Porto Fabres
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